Na Lena Chocolate, Laís Ferrari produz chocolate a partir do grão: “metade do trabalho é ensinar sobre as etapas da produção e a diferença de escolher o bean-to-bar”
Que o diga Laís Ferrari, da Lena Chocolate. Para ela, trabalhar com chocolate foi um projeto que começou com paixão e se transformou em missão: produzir chocolate a partir do grão, conectando matéria-prima e pequenos produtores. Os desafios não estão apenas nos processos manuais ou nos custos mais altos, mas na necessidade de ensinar o consumidor a reconhecer a qualidade. “Metade do trabalho da Lena é ensinar sobre as etapas da produção e a diferença de escolher o bean-to-bar (traduzindo, da amêndoa à barra). Se o consumidor entender o que consome, servirá para todas as outras escolhas”, afirma.
A fábrica da Lena é toda de vidro, permitindo que o consumidor acompanhe o processo de fabricação, e conta com expografia que conta a história do cacau. “Ver o chocolate sendo moído, sentir o aroma do cacau torrado ou ver o processo de embalagem manual das barras é hipnotizante e sensorial.”
A fábrica foi aberta em setembro de 2024, mas as vendas iniciaram em março deste ano. “Planejo exportar assim que consolidar a produção. O Brasil é visto como ‘terroir de origem’ do cacau, somos admirados pela qualidade da amêndoa brasileira. Os estrangeiros têm curiosidade de provar nosso chocolate”, garante Laís.
A empresária também conta que em breve serão realizadas degustações na fábrica. “Vamos iniciar em setembro, aos sábados e com hora marcada. Os agendamentos serão feitos pelo nosso site.”
Cerâmicas artesanais
“Uma peça de cerâmica artesanal sempre será única”, explica Ro Bossoni, ao lado de Bernadete Priamo
Tanto que os clientes são atraídos pelo cuidado nos acabamentos, exclusividade e funcionalidade das cerâmicas. “Temos clientes de todos os níveis e idades que ficam encantados quando recebem suas encomendas”. Até as empresas passaram a valorizar este tipo de produção, tanto que Rô recebe encomendas de escritórios, arquitetos, designers e clínicas, além de cafeterias e restaurantes que desejam personalizar peças ou presentear clientes.
A ceramista explica que transformou duas salas de casa em showroom, onde tem peças a pronta-entrega. “Sempre tenho peças ‘biscoitadas’, que são semiprontas, já secas com a primeira queima. Então o cliente só escolhe a cor ou se quer que eu escreva algo. Temos um método de adesivo que permite personalizar as peças. Mas geralmente não aceito encomenda com menos de 30 dias”, diz.
Emoção
Laís Gazola produz arranjos na Afflora: “nosso cuidado vai da escolha das flores à entrega, feita com carinho”
Ela observa que não é apenas a beleza que importa, mas a experiência completa, que envolve sensibilidade estética, qualidade e vínculo com o cliente. “Nosso cuidado vai da escolha das flores à entrega, feita com carinho”.
O mesmo se vê na moda, onde a exclusividade se tornou resposta ao consumo repetitivo. A confecção de vestidos sob medida e a locação de peças de festa atendem à demanda por experiências únicas e à nova lógica do vestir, pautada por memória, estética e sustentabilidade. “É uma peça exclusiva na medida da cliente”, comenta Sirley Mazur, da Marbô Festas. “Tudo é pensado para o cliente, a dedicação é diferente.”
A exposição nas redes sociais contribui para o crescimento da locação de vestidos: “a cliente não quer ficar repetindo o vestido”. Sirley explica que percebe a valorização do processo artesanal. “Quando é feito manual e personalizado, é uma dedicação para cada cliente. Estamos fazendo parte da história da pessoa, então tudo é pensado de maneira personalizada. A dedicação é diferente, então há essa valorização”, diz.
Experiência e vínculo
“A cliente não quer ficar repetindo o vestido”, conta Sirley Mazur, da Marbô Festas, que viu a locação crescer com a exposição nas redes sociais
A valorização do processo e da história por trás dos produtos é uma das chaves para a fidelização. “Grande parte do público da Lena é atraído porque busca qualidade, de todas as idades, principalmente mulheres”, observa Laís. “Nosso objetivo é familiarizar o paladar do bean-to-bar. Por ser diferente, desperta curiosidade.”
A comunicação visual ganha espaço na construção dessa experiência. O ambiente onde o produto é apresentado contribui para consolidar identidade e valores. “A cenografia cria uma conexão emocional e única com o público, reforçando a identidade da marca”, afirma o designer Everton Luan, da Excelence Cenografia, que planeja eventos como casamentos, formaturas, corporativos, inaugurações e decorações de natal. Inclusive foi ele o responsável pela decoração da cerimônia de posse da diretoria da Acim, em abril, e da entrega da Comenda Américo Marques Dias, em julho. Do simples canto de exposição ao estande planejado, tudo comunica — e pode ser feito com criatividade e baixo custo.
“Um simples amanhecer ou uma trilha serve de inspiração para criar um ambiente único”, ensina. Para ele, é essencial entender o que o cliente deseja encontrar ao buscar uma marca, e pensar nos elementos que podem gerar satisfação.
Para agradar os clientes, ele importa peças e participa de feiras. “Temos uma média de 12 a 16 eventos por mês. Buscamos sempre novidades e tendências fora de Maringá, e participar de feiras é uma estratégia”, diz.
Crescimento com identidade
O designer Everton Luan atende de 12 a 16 eventos por mês, entre casamentos, formaturas, corporativos e inaugurações
A dica para quem deseja ingressar nesse universo? Começar com o essencial e apostar na própria identidade. “Minha sugestão é começar com o mínimo de investimento e treinar o olhar e a forma de comunicar o produto, para atrair um público alinhado, que valorize seu trabalho”, aconselha Laís Gazola.
Entre os principais desafios está manter a qualidade com o aumento da demanda. Muitos empreendedores relatam a importância de controlar rigorosamente a produção, garantindo que a personalização não seja comprometida pelo crescimento. Assim, cresce também o olhar estratégico, que combina gestão, design e criatividade.
Em Maringá, é possível observar uma rede de empreendedores artesanais que dialogam entre si e compartilham um público em comum: pessoas que valorizam o afeto, o cuidado e a origem do que consomem. Tanto que a cidade recebe feiras colaborativas e há lojas temporárias em períodos de grandes vendas do varejo, como Dia das Mães e Natal. Rô Bossoni é uma das empreendedoras que participa das feiras. “Participo das feiras da prefeitura, Festa da Canção, Maringá Encantada, no Parque do Ingá e também particulares”, conta.
O artesanal resgata valores antigos com soluções contemporâneas. Une o tempo da criação ao tempo da contemplação. E, ao fazer isso, oferece uma resposta sensível ao presente: a de que qualidade, propósito e beleza ainda podem, e devem, andar juntos.