Artigos

Logística rápida traz desafios para operadores

Logística rápida traz desafios para operadores

96
visualizações
Marcelo de Oliveira, da FD Log: “hoje tudo é logística. É um mercado promissor, que nunca vai acabar e obriga os prestadores de serviços a se especializar”

Em 2023 o e-commerce brasileiro faturou R$ 185,7 bilhões, segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (Abcomm). Foram 395 milhões de pedidos e quase 88 milhões consumidores virtuais. Para 2024, a projeção da Abcomm Forecast é de que o faturamento ultrapasse R$ 200 bilhões e que o país atinja mais de 90 milhões de compradores digitais. Esses números expressivos só podem se sustentar devido à logística de transportes e entregas.

“Hoje falamos em logística inteligente ou logística 4.0, em que é possível aos clientes e aos operadores de transporte acompanhar trajetos em tempo real, utilizar inteligência artificial, robótica e outros recursos para que cada produto chegue em segurança e no menor prazo ao destino”, afirma o consultor especialista em logística e instrutor da Acim, Paulo Sérgio Travençolo Júnior.

Que o diga Marcelo de Oliveira, que há dez anos criou a FD Log. O empresário começou de modo despretensioso, mas observou e acompanhou tanto as necessidades dos clientes quanto a evolução do mercado. “Comecei com uma van fazendo entregas expressas entre Maringá e Cianorte. Foi prestando esse serviço que percebi a necessidade das empresas terem um ponto de apoio em locais estratégicos”, relata.

Depois de planejamento, o empresário escolheu um espaço e implantou em Maringá o transit point, um modelo de operação logística que ainda “engatinha” no país e que funciona como um depósito para armazenagem rápida para atender determinada localidade. “Uma empresa com grande demanda de entrega para a região contrata o serviço e envia a carga com a nota fiscal final, descarrega no barracão e fazemos a separação e distribuição. A carga entra e sai rapidamente. Os clientes chegam a receber as compras com dois a três dias a menos de espera”, detalha.

A FD Log atende apenas empresas e não pessoas físicas que fazem compras por plataformas digitais. Por enquanto, o transit point atende a microrregião de Maringá, mas Oliveira quer ampliar para a macrorregião. Para realizar o trabalho, ele tem veículos próprios e contrata entregadores terceirizados. 

A empresa atua em mais três tipos de operações. Uma é um pick-up point para a gigante do vestuário Shein. Funciona como um ponto onde as empresas da região que vendem na plataforma entregam os produtos que serão enviados aos compradores de qualquer localidade. “Registramos que o produto chegou aqui e a transportadora terceirizada recolhe as vendas da cidade”, explica.

A empresa também mantém a linha expressa entre Maringá e Cianorte, em que as entregas são feitas no mesmo dia ou no máximo até as sete da manhã do dia seguinte. Segundo o empresário, foi esse serviço que possibilitou a atração de grandes clientes. A FD Log também armazena e distribui produtos de uma empresa de fora que centraliza em Maringá, onde é feito o controle de estoque e a distribuição. “Hoje tudo é logística e a tecnologia avança na velocidade da luz, principalmente quando se fala em inteligência artificial. É um mercado promissor, que nunca vai acabar e obriga os prestadores de serviços a se especializar”, conclui.


Tecnologia para integrar



Na E-ComLog, de Alexander Anastácio da Silva, entregadores terceirizados precisam fazer 97% das entregas no prazo, oferecer bom preço e ter seguro automobilístico

Também com o desejo de atender os clientes, Alexander Anastácio da Silva criou a E-ComLog, que atende o Brasil inteiro cuidando do transporte de mercadorias de empresas de todos os tamanhos que vendem pela internet. Tudo começou dentro da E-Factor, que presta consultoria para canais de vendas online. Silva percebeu a necessidade de cuidar do transporte dessas empresas que tinham dificuldade em conseguir preços competitivos. 

“A E-ComLog tem desde clientes pequenos a gigantes que vendem em plataformas digitais e precisam de competitividade do frete. A questão é que as transportadoras querem volume de produtos e para quem está começando ou tem menor porte, é difícil. Centralizamos as cotações e repassamos para os clientes com um preço melhor. O que temos são a tecnologia e a intermediação por meio de parcerias com as transportadoras e com marketplaces”, ressalta.

A E-ComLog é responsável pelo delivery das Americanas na região de Maringá, com mais de dez mil entregas por mês e atende a Amazon com coleta dos vendedores locais. Trabalhando na área desde 2015, o empresário viu o mercado de logística crescer significativamente com a pandemia. “É uma área que cresce dois dígitos por ano. Temos clientes que desistiram da loja física porque as vendas nesses espaços passaram a representar 30% do total e os custos deixam de compensar”, aponta.

Os entregadores terceirizados precisam atender a indicadores de desempenho e outros requisitos, entre eles o de fazer 97% das entregas no prazo, oferecer bom preço e ter seguro automobilístico. 

 

Modernização




Na E-ComLog, de Alexander Anastácio da Silva, entregadores terceirizados precisam fazer 97% das entregas no prazo, oferecer bom preço e ter seguro automobilístico

O consultor Paulo Sérgio Travençolo Júnior explica que as mudanças vão exigir mais formação e profissionalização dos funcionários. “Não há profissionais suficientes para atender à crescente demanda da logística. Tanto que em Cajamar/SP, que é a capital da logística do país, está sendo criada uma faculdade para formar profissionais da área”, destaca.

O consultor explica que para manter a velocidade das entregas com custo baixo, é preciso delimitar o raio de atuação e calcular minuciosamente o centro de custo logístico, cuidando principalmente dos custos próprios do transporte, como a manutenção dos veículos. Já os pequenos precisam estar familiarizados com a tecnologia e ter eficiência para separar as cargas que chegam. “Sem boa gestão, o empresário não consegue se manter”, reforça.

 

Tradição e agilidade 



Distribuidora de Bebidas Virginia, além de revendedora exclusiva da Ambev, diversificou perfil de clientes para atender quem compra em menor quantidade, conta o diretor Carlos Paccola

Desde a fundação, em 1951, inicialmente como uma fábrica de bebidas, a Distribuidora de Bebidas Virginia tem passado por  modernização contínua para atender às demandas do mercado. Atualmente, a empresa é revendedora exclusiva da Ambev em Maringá e em mais de 60 cidades, e desde o ano passado expandiu as operações para incluir as regiões de Guarapuava e Ponta Grossa, adicionando 47 cidades à atuação.

“Nos últimos anos, observamos uma diversificação no perfil dos nossos clientes, que agora compram em quantidades menores. Antes, tínhamos um número menor de clientes e um portfólio de produtos menor. Hoje, além de bares, restaurantes e mercados, atendemos outros segmentos, como salões de beleza, cantinas empresariais e serviços de entrega”, explica o diretor Carlos Paccola. A necessidade de entregar em áreas centrais e locais com acesso restrito a veículos grandes levou à adoção de caminhões menores, vans e veículos utilitários.

Paccola destaca que diversas adaptações foram implementadas para atender clientes de menor porte: se antes os pedidos dependiam exclusivamente da visita de um vendedor, agora também podem ser feitos online, por meio de uma plataforma disponibilizada pela Ambev. As entregas são programadas para dias específicos, porém, em situações de urgência ou conforme a quantidade de produtos, é possível agendar entregas para datas anteriores ao prazo padrão. “Democratizamos o processo de vendas. Um cliente de menor escala pode efetuar uma compra e recebê-la no dia seguinte, desde que atenda a um pedido mínimo. Para alcançar esse segmento, realizamos análises detalhadas, considerando o histórico e a localização”, comenta.

Além disso, a Virginia expandiu os serviços para atender diretamente o consumidor final, com iniciativas como o Chopp Brahma Express, que opera em Maringá, Apucarana e Umuarama; e o Zé Delivery, serviço de entrega online que possibilita que os clientes recebam bebidas geladas em casa. “Nosso objetivo é entregar os pedidos em até 35 minutos, garantindo que as bebidas cheguem na temperatura ideal para consumo”. Para isso, cada entregador faz no máximo dois pedidos por saída.