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A ocasião faz o… evento

A ocasião faz o… evento

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Empresas se reinventam e realizam colação de grau, desfiles e convenção pela internet; se falta público presencial, sobram estratégias e criatividade

Anualmente a Gela Boca realiza a convenção de franqueados, apresentando os lançamentos da estação. É uma ocasião em que os franqueados se reúnem, avaliam os novos produtos e fazem network. Mas diante da recomendação do distanciamento social e muita gente evitando viajar, como proceder? Foi preciso reestruturar a ação.

“Tínhamos medo do online, de como seria, principalmente porque em nossas convenções apresentamos os produtos do verão. Fazemos o lançamento, os franqueados avaliam e aprovam. E como oferecer essa experiência de experimentar, se cada um estaria em sua casa e o nosso produto é congelado? No primeiro momento, achamos que era inviável”, revela o diretor de franquias da indústria de sorvetes, Thiago Luiz Ramalho. 

A equipe se debruçou em pesquisas e em assistir a eventos, lives e convenções, para decidir o que queria ou não. E diante dos desafios, sobraram boas soluções: a empresa criou uma estrutura diferenciada numa produtora de vídeo, para garantir a transmissão e a qualidade da tradicional convenção, proporcionando uma experiência positiva aos franqueados. 

No momento mais aguardado, a apresentação das novidades, veio outra solução. “Utilizamos uma caixa com cadeado para acoplar os produtos e enviamos para as lojas, por meio de nossos caminhões, com outros estoques. No dia do evento, quando chegou a hora do lançamento, fizemos um vídeo apresentando os produtos, falamos sobre a tendência da temporada e, no momento do brinde, cada um estourou uma champanhe em casa. Depois demos a senha do cadeado para que os franqueados pudessem abrir e experimentar. Cada produto também tinha um QR Code que direcionava a um vídeo explicativo e um link para avaliação. Depois disso, mandamos um volume maior de produtos para que as equipes pudessem experimentar com calma. Foi sensacional. Os franqueados disseram que não esperavam a convenção desse porte e que o evento os surpreendeu”, conta Ramalho.

Plataforma de vendas

A Di Lucky enfrentou situação semelhante, porque fazer o desfile, que é um dos principais eventos do ano, de forma presencial não seria possível. “Tivemos bastante insegurança, mas não tínhamos alternativas, precisávamos mostrar nosso produto, a coleção estava pronta”, afirma o diretor, Paulo Henrique Petri Crestan.

Segundo ele, a saída foi, então, tirar um projeto do papel e reinventá-lo, adaptando-o para realizar um desfile de lançamento totalmente online, com plataforma de vendas embutida. “Tínhamos o projeto de loja virtual, focada no atacado, para atender revendedores. Montamos uma equipe de crise, aceleramos o desenvolvimento dessa plataforma, conseguimos fazer os testes e aprová-la. Foi quando pensamos que seria o momento de inaugurá-la, e por que não fazer isso ao vivo? No desfile, fizemos o lançamento com instrução de como realizar as compras. Decidimos, então, fazer nosso primeiro showroom online”, detalha Crestan. 

Di Lucky fez um desfile virtual e acelerou o lançamento da plataforma de vendas para atacado, que está garantindo ótimos resultados, segundo Paulo Henrique Crestan

Estrutura e tecnologia também foram os diferenciais no desfile da Di Lucky. Além do evento ocorrer ao vivo, a plataforma criada pela empresa permitiu que os lojistas pudessem adquirir as peças, tudo remotamente. “Nossa plataforma é totalmente voltada para o revendedor. Tem um formato intuitivo para facilitar a compra. As vendedoras têm total acesso, desde a abertura do cadastro e aprovação ao acompanhamento da venda durante o processo e o fechamento do pedido. Toda assistência que pode ter presencial, a plataforma permite fazer online”, explica o diretor. 

De acordo com ele, houve resistência à novidade no dia do lançamento, por falta de hábito. Porém, o trabalho da equipe nos bastidores foi essencial para que os clientes pudessem entender como proceder e fechar os pedidos. “Hoje a plataforma está em plena utilização e nos dando ótimos resultados. Foi uma experiência importante. São tempos difíceis, mas mostram que sempre podemos nos reinventar, o importante é não desistir”, avalia Crestan.

Emoção garantida

Anos de estudo, dedicação e a comemoração no final do curso junto aos familiares. Tudo isso foi possível, mas de forma virtual. E, pela primeira vez, o Centro Universitário Cidade Verde (UniFCV) realizou as colações de grau totalmente online. 

De acordo com o reitor, José Carlos Barbieri, apesar da experiência do centro universitário em realizar lives e aulas inaugurais pela internet, estruturar uma colação e transmiti-la online foi um desafio diferente. 

“Isso exigiu de todo o nosso time interno uma mudança de paradigmas, pois precisávamos seguir os protocolos sanitários e ao mesmo tempo atender os alunos que precisavam do diploma para serem promovidos, mudar de cidade e até manter o emprego. Além disso, precisávamos nos reinventar, já que teríamos de adaptar todo o cerimonial da solenidade de colação de grau, que é rígido e obedece ao protocolo do Palácio do Planalto. Foram investimentos em pessoal, equipamentos e tecnologia”, ressalta. 

Podemos, mesmo de maneira online, realizar nossos eventos e surpreender colaboradores, professores e, principalmente, os alunos
- José Carlos Barbieri, reitor da UniFCV

Para Barbieri, a UniFCV também conseguiu entregar o necessário e, apesar da distância física, tornou momento único. “Preparamos surpresas para que pudéssemos humanizar e aproximar o evento. Contratamos cantores, gravamos vídeos com depoimentos de gestores de polos, de alunos e dos coordenadores dos cursos. Esses depoimentos foram uma grande surpresa para todos que assistiram à colação. Além disso, concedemos bolsas de estudos de 100% para os alunos laureados - que obtiveram durante o curso dois terços de suas notas acima de nove”, destaca o reitor da instituição.

“Aprendemos que podemos nos reinventar e nos adequarmos a esse ‘novo normal’. Podemos, mesmo de maneira online, realizar nossos eventos e surpreender colaboradores, professores e, principalmente, os alunos dos cursos de graduação e de pós-graduação”, considera o reitor da UniFCV.

O online veio para ficar

Crestan, da Di Lucky, indica a experiência como destaque. “Sair da zona de conforto permitiu ver novas possibilidades, com certeza! Acho que ainda não temos o hábito, mas a era digital está aí, temos que ir testando e aprimorando”, diz. 

A mudança de olhares também impactou a maneira de conduzir os eventos da Gela Boca. Depois da experiência de realizar uma convenção a distância, o diretor das franquias avalia incluir definitivamente os eventos online na programação anual. 

“Os franqueados têm uma associação, e passamos a fazer todas as reuniões com eles online. O workshop anual também passou a ser virtual. Já a convenção vai acontecer online em um ano e presencial em outro. O online, no nosso caso, veio para ficar”.