Modalidade possibilitará operações em até dez segundos, em qualquer horário, nos 365 dias do ano; novidade funcionará a partir de 16 de novembro
O Pix, novo meio de transferências e pagamentos anunciado pelo Banco Central do Brasil (BC), começará a funcionar em 16 de novembro. Até o final de outubro, o número de chaves registradas por consumidores e empresas para utilizar a opção passou dos 50 milhões. Em Maringá, de olho na facilitação dos processos financeiros, o Grupo Cat se cadastrou em diferentes instituições financeiras para operar com a solução.
A empresa atua nos segmentos de prestação de serviços, gerenciamento de frotas, atendimento profissional, capacitação e treinamentos, com clientes em todo o Brasil. Por isso, conta com um sistema gerencial com tecnologia avançada, que será otimizado ao agregar a funcionalidade. Para o sócio do grupo, Marcio Bento Lucio, será como se a empresa ganhasse dois dias na semana para se programar. “Vimos a ferramenta como uma oportunidade de aperfeiçoamento do nosso sistema. Poderemos nos organizar nos 30 dias do mês de fato, porque o Pix não tem limite de dia e horário para transações”, diz.
Segundo o empresário, a novidade vai gerar impacto positivo no fechamento de caixa. “Acontece de um vencimento cair no sábado, mas realizarmos o pagamento na segunda-feira. Com a possibilidade de pagar nos devidos dias, o trabalho para o fechamento de caixa será facilitado”, explica. Ele acrescenta entre as vantagens a possibilidade de economia. “A expectativa é que o Pix seja mais barato que outros meios de pagamento. Além disso, a maior liberdade para programar operações também ajuda a economizar.”
Criado para ser rápido, competitivo e seguro, o Pix revolucionará a maneira como as pessoas lidam com o dinheiro. A principal novidade é que a operação será realizada em até dez segundos, em qualquer horário, nos sete dias da semana, com possibilidade de programar pagamentos.
A opção será oferecida aos consumidores e empresas por aplicativos de bancos, internet banking ou por sistemas de outras instituições financeiras. Outra possibilidade é usar carteira digital – as empresas que utilizam softwares para pagar e receber precisam atualizar o sistema com a novidade.
Diferente dos meios de pagamento atuais, que exigem dados da conta de origem e de destino, além de CPF e nome completo, a modalidade identificará o recebedor por ‘chave’, definida pelos usuários na hora do cadastro no banco. As chaves podem ser o número do celular, CPF/CNPJ, e-mail ou as aleatórias geradas pelo sistema. Aí é só informar uma delas ao pagador para a operação acontecer. Por meio da funcionalidade, também será possível efetivar a transferência de valores por QR Code.
Cada pessoa pode ter até cinco chaves por conta e as empresas, 20, sendo que não é possível repetir de uma conta para outra. “Ao cadastrar o CPF como chave para uma conta-corrente e também se desejar cadastrar uma chave Pix para a poupança, seja na mesma ou em outra instituição, o usuário terá que utilizar uma chave diferente”, explica a analista de apoio ao negócio do Sicoob, Danielle Morgon de Oliveira.
Desde novembro do ano passado, o Sicoob disponibiliza em formato piloto a solução SicoobPay no aplicativo, cujas melhorias ajudaram a cooperativa nas adaptações para operar o Pix. Segundo Danielle, até 14 de outubro o Sistema Sicoob possuía 309.918 cadastros, o que representa 6,3% dos clientes da instituição. “Nossas ações estão direcionadas para que todos façam o cadastro e possam aproveitar as facilidades do novo método. Lançamos pop-ups no aplicativo e estamos dando orientações.”
A agente ressalta que o sistema conta com os mesmos protocolos de segurança das transferências bancárias que o Sistema Financeiro Nacional oferece. Além disso, possui camadas de segurança oferecidas pelas próprias instituições financeiras por meio dos celulares, como biometria, reconhecimento facial e outras.
Esse cuidado pode ser reforçado pelo usuário. Como o Pix não pode ser cancelado, em caso de envio de dinheiro para a conta errada, será preciso pedir a devolução para o recebedor. “Atenção aos golpes. Quando alguém liga pedindo um código SMS ou e-mail com a desculpa de atualizar o cadastro em uma plataforma, não repasse as informações. As instituições financeiras jamais pedem isso. É também importante conferir o valor e os dados do recebedor na tela antes de concluir a transação”, aconselha.
Intermediários
Outra vantagem do Pix será eliminar intermediários entre as contas, como emissor e bandeira de cartão, maquininhas, sistema para integrar tudo isso e boleto, conforme explica o diretor de inovação e novos negócios da Matera, Alexandre Pinto – a empresa é desenvolvedora de tecnologia para o mercado financeiro e tem escritório em Maringá.
Um comerciante que possui loja física poderá, por exemplo, fixar a chave em forma de QR Code no caixa, bastando o cliente ler o código com a câmera do aparelho celular para efetuar o pagamento do produto de forma direta e imediata, por meio do aplicativo do seu banco ou fintech. “O custo com intermediários poderá ser reduzido, bem como com boleto, que não é uma solução barata”, diz o diretor.
Para o e-commerce, o Pix também abrirá oportunidade para a maior conversão de vendas. “As compras são por cartão de crédito ou boleto. No caso do cartão, 2% a 3% do valor de venda vai para o custo da transação do cartão e 3% a 4% para os sistemas antifraude. Por isso há desconto no boleto, que acaba saindo mais barato. Mas é comum o cliente encher o carrinho, gerar o boleto e desistir. Com o Pix, o cliente não deixará o pagamento para depois”, explica.
Sobre o boleto, o diretor explica que ainda existe uma vantagem. “A empresa consegue utilizar boletos como instrumento de cobrança e protestar. No caso do cartão, o cliente pode comprar e cancelar antes de o valor ser faturado, deixando o ônus com a empresa.”
Tarifas
Para o consumidor, o custo será zero, com apenas duas exceções: em casos de vendedores pessoas físicas que recebem Pix pela venda do produto ou serviço e em situações de autorização de débito mensal. Já as empresas precisarão pagar taxas para utilizar a opção, mas segundo Alexandre Pinto, a tendência é que o custo seja reduzido em comparação ao TED, DOC e boleto. “O Banco Central deixou aberto para negociação comercial, para que se chegue a um preço justo pelo livre mercado. Vale as empresas pesquisarem o banco que oferece a melhor condição.”
Segundo o BC, mais de 700 bancos, fintechs, cooperativas de crédito, entre outros, estão aptos para operar o sistema. Essas instituições precisam investir em tecnologia e pessoal para garantir operações em qualquer horário e proteção contra fraude. “A facilidade e rapidez abrem uma janela de oportunidade para fraudadores, por isso a instituição tem que se preparar não só para oferecer o serviço, mas para oferecer de forma segura, e tudo isso gera custos”, explica o diretor.
Perguntas e respostas
O que é o Pix?
O Pix é um meio de pagamento assim como boleto, TED, DOC, transferências entre contas de uma mesma instituição e cartões de pagamento
É preciso ter conta no banco?
Não necessariamente, mas é preciso ter conta em um prestador de serviços de pagamento (instituição financeira ou instituição de pagamento) participante do Pix. Pode ser conta-corrente, poupança ou conta de pagamento pré-paga
TED e DOC vão acabar?
Não há intenção do Banco Central do Brasil em extinguir outros meios de pagamento
Só é possível usar Pix se tiver celular?
O smartphone deve ser o canal mais usado, mas a critério de cada instituição, o acesso também poderá ser por internet banking, presencialmente nas agências, nos caixas eletrônicos ou nos correspondentes bancários. Há previsão de disponibilização de uma forma de pagamento offline para 2021
Haverá tarifas para consumidores?
Em geral, não. Mas há casos em que pode haver cobrança, a exemplo de vendedores pessoas físicas que recebem Pix pela venda do produto ou serviço, além de casos de autorização de débito mensal. Microempreendedores individuais (MEIs) e empresários individuais seguem as regras de pessoas físicas. A Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI) segue as regras de pessoa jurídica.
Fonte: Banco Central do Brasil