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Ganha o esporte, ganham os patrocinadores

Ganha o esporte, ganham os patrocinadores

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João Vitor Mazzer, presidente do Maringá Futebol Clube: “futebol é turismo, é desenvolvimento econômico, é mudança de vida”

O marketing esportivo movimenta milhões de dólares todos os anos mundo afora. São esses recursos que ajudam a manter tanto o esporte profissional quanto o amador. Um dos principais cases de sucesso do marketing esportivo na cidade é o Maringá Futebol Clube. 

A atual gestão assumiu no fim de 2016 com a ideia de colocar o time entre os melhores do Paraná e tornar o clube uma empresa, o que ocorreu em julho do ano passado, com a constituição da sociedade anônima de futebol (SFA). A mudança traz novas regras de governança, mais transparência e mais segurança aos investidores e apoiadores. 

A novidade serviu para coroar a temporada de 2022. A conquista do vice-campeonato estadual e das vagas na Copa do Brasil e Série D do Brasileiro atraiu os olhares de empresários interessados em marketing esportivo. Hoje o clube conta com 12 marcas de anunciantes na camisa, três no calção, além de outros parceiros que anunciam em placas fixas no estádio, em backdrops (espaços destinados às logomarcas das empresas durante as coletivas de imprensa) e nas mídias sociais do clube.

O Maringá tem, ainda, outras fontes de receita, como as premiações pagas pelas disputas nos campeonatos, direitos de transmissão dos jogos, bilheterias, bar e alimentação no estádio, pagamentos recebidos pelo programa sócio torcedor e a venda de produtos, como as camisas do time. 

A manutenção de um clube com calendário anual como o do Maringá não é barata. Por isso, para incentivar parcerias, são diversos planos. A menor cota, que dá direito à placa no estádio com a marca do anunciante, custa R$ 15 mil por ano. Mas a diretoria planeja criar o programa sócio torcedor corporativo, com cotas de patrocínio com valores mais baixos para que as empresas possam colaborar e ter suas marcas atreladas ao clube. 

Para continuar crescendo, o Maringá investe forte no marketing esportivo. Nesse aspecto, as mídias digitais são aliadas. Além da página principal, o Instagram tem sido ferramenta de engajamento com os torcedores. O time também investe em outras redes sociais e mantém o MFC TV no Youtube. Todas os ambientes digitais trazem o dia a dia do clube, gols e bastidores dos atletas. 

Outra estratégia de marketing é o Match Day: nos dias de jogo, o clube abre o estádio duas horas antes e faz uma festa com bandas, DJs e recreação para as crianças. “É um programa para toda a família, para grupos de amigos, crianças, adultos e idosos. Nesses dias, trabalhamos com ingressos mais baratos e trazemos atrações, tudo para criar uma experiência completa, prazerosa e duradoura para o torcedor”, diz o presidente do Maringá, João Vitor Mazzer.

O grande objetivo neste ano é conseguir o acesso à Série C do brasileiro. Mas para chegar lá, Mazzer diz que é fundamental o apoio dos patrocinadores e a união da cidade em torno do clube. “É uma oportunidade para as empresas retribuírem à sociedade, pois o futebol é turismo, é desenvolvimento econômico, é mudança de vida. Com a base do Maringá, os jovens não precisam sair da cidade para ter formação no futebol. É uma grande oportunidade e uma contrapartida social que todos podem dar”.


Caminhar lado a lado

Maringá é a única cidade do interior do estado com dois times na elite do futebol paranaense. Isso graças ao espírito empreendedor do maringaense Alex Santos, ex-jogador da seleção japonesa de futebol e um dos fundadores e CEO do caçula da primeira divisão, o Aruko. Fundado no fim de 2020 com o objetivo de formar atletas, o time ascendeu rapidamente e se juntou ao Maringá Futebol Clube entre as melhores equipes do Paraná. 


“Vários atletas que começaram na categoria de base do Aruko estão jogando profissionalmente na primeira divisão”, conta Alex Santos, do Aruko

A ideia inicial dos gestores foi criar uma base sólida e lançar jogadores para a equipe profissional do Aruko e outros clubes do Brasil e do exterior. “O time surgiu com a ideia de dar uma chance aos meninos da cidade de terem uma base para se tornarem profissionais. E isso vem acontecendo. Vários atletas que começaram na categoria de base do Aruko estão jogando profissionalmente na primeira divisão”, conta Santos. 

O termo Aruko significa ‘caminhar lado a lado’ em japonês. Esta é a identidade que o clube quer criar com a torcida, colaboradores e apoiadores. O clube criou a mascote Samurai Black, inspirado nos Samurais Azuis, como são conhecidos os atletas da seleção japonesa. 

Como o time ainda é novo, o maior desafio é fortalecer a marca e criar torcida própria e fiel. Para atrair novos torcedores, o Aruko aposta no marketing digital, sempre com a filosofia dos bons valores, respeito e educação.

As receitas vêm, principalmente, da venda e empréstimo dos atletas, dos direitos de transmissão dos jogos e das cotas de patrocínio. Os espaços comerciais mais valorizados são a frente e a parte do ombro das camisas. Com orçamento modesto em relação às equipes tradicionais, o CEO diz que qualquer empresa, independente do porte, pode virar parceira: “Qualquer um pode ajudar na camiseta, no estádio ou nas nossas redes sociais”.

O Aruko se prepara para investir no programa sócio torcedor a partir do ano que vem. Em contrapartida, o clube apoia um time de futebol feminino, as Samurais, em parceria com o Programa Academia & Futebol, do curso de Educação Física da UEM. A equipe teve uma primeira experiência com a disputa da Taça Maringá no ano passado.

O principal objetivo da direção do Aruko neste ano, que era se manter na elite do futebol estadual, se concretizou. Mas o time quer continuar crescendo e chegar à Série D do brasileiro. Para isso, precisa de mais parceiros: “é se associar a uma empresa sem problemas, sem dívidas, que vem numa crescente, traz o novo e aguça a curiosidade por meio de uma identidade com o Japão. Com o tempo vamos mostrar esse novo modelo de gestão para o estado e todo Brasil”.


Incentivo ao esporte 

Quem é visto é lembrado! E visibilidade é um retorno certo para quem investe em times de futebol. Empresas que fazem parcerias com clubes têm suas marcas expostas em camisas, placas nos estádios, mídias sociais dos clubes, podem contar com atletas em eventos promocionais, entre outros benefícios. Isso também traz engajamento com o torcedor que percebe a marca atrelada ao seu time. O empresário João Pedro Nascimento Trovão, sócio da Revest Acabamentos, empresa que atua há 27 anos no ramo de pisos e revestimentos, percebeu o filão e tem sua marca estampada tanto nos jogos do Maringá Futebol Clube quanto do Aruko.  


João Pedro Nascimento Trovão, da Revest Acabamentos: empresa patrocina Maringá Futebol Clube, Aruko e apoia grupo de corrida de rua

Trovão conta que a empresa tem ligação antiga com o esporte. Além do futebol, o Grupo Revest já apoiou o futsal, o ciclismo, colaborou com o ‘Nadando na Frente’ - projeto de natação para crianças de baixa renda - e atualmente também é apoiador do grupo de corrida de rua Acorremar.

Todos os anos grupos esportivos procuram a empresa em busca de apoio, o que é visto com bons olhos pelo empresário, que vê nessas parcerias a oportunidade de fortalecer o esporte na cidade. Além do fator social, de contribuir para o incentivo às práticas esportivas, o empresário cita vantagens no patrocínio aos desportos: “No caso da parceria com o Maringá, temos logo na camisa,  placas no campo e camarote, onde podemos fazer ativações da marca, além de podermos divulgar a empresa na área externa do estádio, com a distribuição de brindes para as famílias.” 

O empresário diz que acredita nos projetos das equipes de futebol de Maringá e que vai continuar incentivando o esporte porque isso traz vantagens para a cidade e seus moradores, além do benefício de ter a marca vinculada a um esporte tão amado pelos maringaenses. 


Oportunidade nas quadras

Apesar do futebol ‘abocanhar’ a maior parte das verbas de patrocínio que as empresas destinam aos esportes, o vôlei vem mostrando que é um esporte que oferece visibilidade aos anunciantes. A modalidade é o segundo esporte do país e o primeiro entre as mulheres. E quando se fala em Superliga de Voleibol Feminino – Série A, principal competição do esporte no país, Maringá é privilegiada. A cidade é a única do estado que conta com uma equipe na elite do vôlei brasileiro. 


Aldori Gaudêncio Júnior, gestor da Amavolei: “quem vincula a marca a uma equipe de nível nacional, que preza pela alta performance e pela formação de atletas, agrega valor ao seu negócio”

O caminho para Maringá chegar à Superliga feminina começou em 2000, com a criação da Associação Maringaense de Voleibol (Amavolei), pelo professor Valdemar Silva, com uma equipe de base, uma vez que a ideia era investir na formação de jovens atletas. Rapidamente, os jogadores da Amavolei começaram a ser destacar, vencer torneios e o projeto passou a ser reconhecido nacionalmente. 

Com o crescimento da Amavolei, os diretores passaram a sonhar com a Superliga e, para isso, chamaram o treinador e hoje gestor do clube, Aldori Gaudêncio Júnior, para montar uma equipe de alta performance. Em 2020, a equipe foi campeã da Superliga C. No ano seguinte, conquistou o título da Série B da Superliga, o que garantiu vaga no torneio entre as melhores equipes do país. 

A meteórica ascensão do clube chamou a atenção de uma das maiores patrocinadoras do voleibol brasileiro, a Unilife Vitamins, indústria de suplementos que se tornou patrocinadora master e passou a dar nome à equipe, hoje Unilife Maringá. Na temporada 2022/23, a briga é para chegar entre as oito melhores equipes brasileiras. 

As principais fontes de renda são o patrocínio direto da Unilife e da prefeitura de Maringá que, por meio da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer, ajuda a pagar as despesas da equipe e oferece estrutura física para os treinamentos. O time também disponibiliza placas de patrocínio, espaços em mídias digitais e nos uniformes das jogadoras. Mas para montar uma equipe forte o bastante para disputar os playoffs e ter bons resultados, é preciso mais apoiadores. “Qualquer empresa pode se tornar parceira. As cotas são divididas em Ouro, Prata e Bronze e são acessíveis”, conta Aldori Júnior. 

Para a próxima temporada, o clube vai lançar o sócio torcedor, cujas  informações já estão disponíveis no aplicativo da equipe. As expectativas são positivas, já que a consolidação da equipe na série A atrai mais apoiadores. “Quem vincula a marca a uma equipe de nível nacional, que preza pela alta performance e pela formação de atletas, agrega valor ao seu negócio e aposta no sonho de nossas crianças”, diz Aldori Júnior.