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O desafio de aprender um idioma

O desafio de aprender um idioma

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“Ter o contato com a língua um pouquinho por dia é melhor do que um monte em um dia só. A constância na exposição é importante”, recomenda a diretora da Cultura Inglesa, Beatriz Meneguetti

Ensinar um idioma sempre foi desafiador, porque requer prender a atenção do aluno e tornar a aprendizagem atraente e eficiente. Com o avanço das tecnologias, os métodos tradicionais tiveram que se adaptar e novas formas de aprender foram inseridas, como games e aplicativos. 

Com a pandemia, as aulas online ficaram mais acessíveis, e cursos online, à distância e até por aplicativos dispararam. De acordo com o Google Trends, do final de 2020 até o início de 2021, a busca por cursos de idioma aumentou em mais de 200%.

A disseminação das aulas online e a distância possibilitou a flexibilidade de horário e independência do aluno, no entanto as aulas presenciais podem fazer falta devido à interação. “Ir para uma escola de inglês, mesmo com toda a tecnologia, ainda é importante principalmente por conta da interação, primordial entre as crianças, e pelo foco. No online, a determinação em não se dispersar com celular e outras atividades deve ser grande”, acredita a diretora da Cultura Inglesa em Maringá, Beatriz Meneguetti. “Aproveitamos o que a tecnologia tem de melhor, mas um humano interagindo presencialmente com outro humano ainda é fundamental”, defende.

Há 33 anos na cidade, a Cultura Inglesa é uma das mais antigas. “Sempre prezamos pela comunicação, não só pela gramática. Com a chegada da tecnologia, fomos atualizando nosso ensino. Hoje todas as salas possuem lousa eletrônica e o uso do material digital acontece desde 2007. Games foram inseridos tanto durante as aulas quanto nas tarefas”, acrescenta Beatriz. O ensino híbrido também é uma realidade na Cultura Inglesa. 

Quando questionada sobre o tempo para aprender inglês, Beatriz enfatiza: “tudo depende do objetivo. Eu, por exemplo, estudo inglês há 40 anos e sempre tenho algo para aprender. Em um ano e meio, o curso é o suficiente para uma pessoa que tem o objetivo de viajar sozinha. Um adulto com quatro anos de estudo vai ter bom nível tanto na escrita, leitura, vai entender e falar bem. Um aluno com seis anos de estudo é considerado um falante independente – fala, escreve e ouve bem em inglês”. Beatriz ainda explica que a escola segue critérios internacionais para definir quando um aluno está no nível básico, intermediário e avançado. “Aplicamos exames internacionais e testes de universidades como as de Cambrigde e Oxford”.


Em contato

Todos os profissionais são unânimes: quanto maior à exposição à língua que está sendo aprendida, maior será o aprendizado, mas para isso é preciso foco. “A interação ainda faz diferença na fluência de um idioma, principalmente entre as crianças”, comenta Beatriz. Uma dica importante da diretora é: fazer as tarefas de casa em dias diferentes das aulas presenciais. “Ter o contato com a língua um pouquinho por dia é melhor do que um monte em um dia só. A constância na exposição é importante”.


Elcio Mendes, diretor da Amazing Company: “nosso objetivo não é só ensinar a aprender, ler e escrever, o aluno vai pensar em inglês”

O diretor da Amazing Company, Elcio Mendes, também acredita que o aprendizado depende da dedicação do aluno. “Quanto mais ele manter a constância dos estudos e prática, mais rápido vai se desenvolver no idioma”. A Amazing, há 20 anos em Maringá, desenvolveu um método – antes da pandemia - para que o aluno tenha estudos diários, chamado de home study. Isso acontece por meio do acesso a uma plataforma com conteúdos – vídeos e exercícios interativos – e o incentivo é para que os alunos estudem em média 30 minutos diariamente. “Nosso curso foi desenvolvido para ser presencial, mas com a pandemia, desenvolvemos os dois formatos – presencial e online, com aulas gravadas e ao vivo. Para as aulas presenciais, são dois dias na semana com duração de 50 minutos cada.

Para Mendes, com o desenvolvimento da plataforma e as adaptações, as aulas online hoje têm tido bons resultados. “Nosso objetivo não é só ensinar a aprender, ler e escrever, o aluno vai pensar em inglês, e a plataforma com os conteúdos para estudar em casa possibilita o desenvolvimento mais rápido”.

Criança x adulto

Iniciar a aprendizagem do inglês ou outro idioma ainda criança é diferente do que iniciar adulto. “A partir dos 11, 12 anos, a musculatura do corpo vai enrijecendo, e o processo de aprendizagem começa a se tornar um pouco mais difícil”, explica Beatriz. Por outro lado, um curso de inglês para uma criança será mais longo do que o de um adulto. “Tenho alunos a partir de três anos. Aos quatro anos, a criança tem a oralidade desenvolvida, mas vai começar a escrever só aos sete”.

A metodologia para a criança deve ser lúdica, com jogos e brincadeiras para prender a atenção, já para um adulto, o ensino é focado e específico para o contexto que o aluno precisa. “A criança aprende rápido, mas esquece mais rápido também, por isso a necessidade de sempre retomar o ensino, já o adulto retém mais porque consegue se concentrar mais”.


Online e personalizado

Por três anos, Heloisa Collar Amaral trabalhou como professora particular de inglês. Com a pandemia, a procura pelo ensino remoto aumentou e foi então que surgiu a Akadia Centro de Línguas Online. Na plataforma, mais de 50 professores de oito línguas estão disponíveis para ensinar pessoas do mundo todo. Atualmente há 300 alunos aprendendo inglês, espanhol, italiano, francês, alemão, mandarim, japonês e russo. A sede é em Maringá, mas há professores que moram na Europa, Estados Unidos e no Japão. “Os professores são brasileiros espalhados pelo mundo, já os alunos estão espalhados por todo o país e fora também. Tem brasileiro, por exemplo, que está na Alemanha, não domina a língua e quer aprender com um brasileiro”, detalha Heloisa.


Heloisa Collar Amaral criou a Akadia Centro de Línguas Online, que conta com mais de 50 professores para ensinar oito línguas online e ao vivo

Para a empresária, os diferenciais das aulas são a flexibilidade, a individualidade e a atenção de ter um professor ao vivo disponível só para o aluno. “Não existe aula gravada. Acreditamos na importância da conexão ao vivo”.

O objetivo da Akadia é facilitar a conexão e o aprendizado: “o aluno nos informa o horário que quer estudar, o idioma que deseja, se tem preferência por professor – homem, mulher... e buscamos o melhor profissional disponível. Tentamos juntar a facilidade que a internet proporciona sem perder o lado humano, o contato e a conexão que um professor real proporciona”, enfatiza Heloisa.


Tecnologia a favor do ensino

O contato com a língua que se deseja aprender acelera o aprendizado. Quanto mais tempo o aluno ouvir, falar e escrever na língua que quer aprender, mais rápido e fácil será esse processo. No entanto, aprender só utilizando inteligência artificial – sejam apps ou games – não é o aconselhável para um bom aprendizado 

O ideal é ter um professor, presencial ou online, para guiar e organizar a aprendizagem junto à vivência na língua, aproveitando aquilo que a tecnologia tem de melhor. Aplicativos como Duolinguo, gratuito e um dos mais populares para aprender idiomas, podem acelerar e incentivar o aprendizado. A gamificação é o que atrai no aplicativo – jogar enquanto se estuda

Outros aplicativos gratuitos de idiomas: Falou – o método de ensino é baseado em situações da vida real; Cake – usa vídeos do Youtube para o aprendizado de palavras e expressões. Há outros bons aplicativos disponíveis, mas, a maioria, na forma paga.