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Turismo e hotelaria se adaptam aos novos tempos

Turismo e hotelaria se adaptam aos novos tempos

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Da segunda quinzena de março até 16 de junho o Hotel Deville de Maringá permaneceu fechado em obediência a decretos municipais para evitar a disseminação do novo coronavírus. Devido ao distanciamento social, setor de turismo e eventos tem sido um dos mais afetados pela pandemia, e algumas empresas continuam sem exercer atividade para evitar aglomerações, a exemplo de festas de casamento e buffets infantis.

No caso do Hotel Deville, a volta ocorreu a partir de uma série de medidas de segurança implementadas para preservar a saúde e a tranquilidade dos hóspedes. Entre as novas regras, o gerente-geral, Álvaro Garcia, cita que todos os colaboradores passaram a usar Equipamento de Proteção Individual (EPI) e os hóspedes que se apresentam sem máscara recebem modelos descartáveis gratuitamente.

Na recepção foi instalada proteção de acrílico e marcação para distanciamento de segurança no balcão de atendimento. Dispensers de álcool em gel também estão espalhados pelo hotel. Já os cartões de acesso aos apartamentos, cardápios, canetas e máquinas de cartão de crédito estão sendo higienizados a cada utilização.

A limpeza também tem sido feita com mais frequência nos elevadores, que passaram a ter limite reduzido de ocupação, e com produtos bactericidas nos apartamentos. Os hóspedes ganham álcool em gel individual e podem conferir o cardápio digital pela televisão do quarto.

“No restaurante, o buffet de café da manhã passou a ser protegidos por uma ‘cortina’ de acrílico, e um garçom serve com a devida proteção e cuidado”, conta o gerente. As mesas são higienizadas com frequência, os guardanapos de pano foram substituídos por descartáveis e os talheres são disponibilizados em envelopes. Na cozinha, todos os protocolos de higiene e segurança alimentar também foram intensificados.

Nas duas primeiras semanas após a reabertura, o hotel registrou média de 15% de ocupação, e a maioria dos hóspedes se apresentou como profissional em viagem de negócios. “Temos divulgado nos meios digitais nossas medidas de segurança, e isso tem incentivado as pessoas a virem se hospedar. Inclusive, o feedback dos hóspedes é positivo, com relatos de que se sentiram seguros”, comemora.

Apesar da retomada, o impacto financeiro ainda é alto. A estimativa é de queda de 70% no lucro operacional. “Não tem sido fácil, mas a segurança em relação à saúde é primordial neste momento”, pondera Garcia. A expectativa, porém, é que em alguns meses ou até o final do ano os índices de ocupação e a receita voltem a níveis normais. “Sabemos que isso só vai acontecer quando a pandemia estiver controlada, e quando as empresas, investidores e o público em geral se sentirem mais confortáveis e seguros com o retorno das atividades”, avalia.

Destinos regionais

Apesar de a pandemia levar o turismo a enfrentar dificuldades, destinos regionais estão ganhando destaque. É o caso do Recanto Pinhão, que tem mantido a locação em ritmo quase normal. “Temos dez unidades para locação que estão sempre ocupadas e, mesmo assim, parece que a pousada está vazia, porque a propriedade é ampla”, enfatiza o proprietário José Ferreira de Lacerda.

Ele observa que turistas, inclusive de alta renda, têm pesquisado destinos próximos de suas cidades para se deslocar de carro. “Atualmente há o receio de fazer viagens distantes, porque isso exige horas em avião ou ônibus, tendo contato com outras pessoas. Ao mesmo tempo, existe a necessidade de sair de casa, principalmente quem tem criança”.

Com proposta de turismo rural, a pousada tem mais de 20 alqueires e fica no município de Tamarana, a 125 quilômetros de Maringá. A estrutura conta com suítes e chalés com cozinha própria, além de pátio com amplo gramado, onde há ambientes de repouso, restaurante, wi-fi, lago com pesca livre, coqueiros e araucárias centenárias. O local ainda oferece trilhas, cachoeira e mata virgem. “É um local de descanso e apreciação da natureza, onde as crianças podem brincar livres e sem perigo”, enfatiza Lacerda.

No início do período de isolamento social, o recanto fechou apenas o restaurante por 40 dias, o que fez o faturamento cair mais de 60%, porque a comida caseira é um atrativo relevante para as finanças da pousada. “Reabrimos, mas limitamos a capacidade do restaurante a 30% e reforçamos o cuidado com a higienização”, explica.

Com as medidas de segurança e a necessidade de as pessoas encontrarem um local de passeio, Lacerda diz que o recanto tem atraído novos hóspedes. “Quem tem mais poder aquisitivo geralmente busca destinos glamorosos e internacionais. Ao chegar aqui pela primeira vez, alguns demonstram preocupação com as acomodações”, comenta. Durante a estadia, porém, os hóspedes descobrem o turismo rural. “Eles ficam encantados em encontrar riqueza natural nos nossos destinos regionais, e se sentem renovados pelo descanso e pelo tempo de qualidade com a família”, ressalta o empresário.

Eventos

Para os segmentos que compõem a cadeira de fornecedores de eventos, como buffets, salões de festa e locação de trajes, a pandemia trouxe reflexos desafiadores. Que o digam os diretores da Marbô, Sirley Ivatiuk Mazur e Paulo Roberto Ivatiuk Mazur, que tiveram de repensar as estratégias para atravessar este tempo de isolamento social.

Especializada na locação de vestidos para festas e noivas, a Marbô fechou as portas durante 31 dias. Nesse período, Sirley conta que a primeira reação foi acalmar a maioria das clientes que adiou o tão sonhado casamento – apenas duas noivas cancelaram o evento. “Em home office, fizemos a alteração de datas e renegociamos o pagamento dos trajes”, cita.

Enquanto isso, e também em home office, os diretores, a equipe de marketing e os consultores de vendas desenvolveram ações para a retomada dos atendimentos, no final de abril. Uma das medidas para manter o faturamento de locação de vestidos de noivas foi resgatar clientes que tiveram o atendimento desmarcado por conta da pandemia.

A empresa prospectou noivas e assessores de eventos por meio de redes sociais e disponibilizou voucher de desconto para as clientes. “Além do ótimo resultado, ficamos felizes em proporcionar às noivas sonhar novamente e vivenciar um momento tão importante que é a escolha do vestido”, enfatiza Sirley.

No final de junho, a loja também participou de um evento online, chamado Save the date. Na ocasião, a equipe prestou atendimento digital em tempo real e direcionou agendamento para posterior atendimento presencial. Outra decisão foi antecipar para abril uma ação que seria em maio para a venda de vestidos de festa a preço acessível. “Essa estratégia também nos ajudou, embora a venda represente apenas 5% do faturamento”, comenta.

Já o segmento de locação de vestidos apresentou redução de cerca de 70% entre abril e maio se comparado ao ano passado. Para melhorar o resultado, no início de junho a equipe Marbô passou a incentivar as formandas de 2021 a voltar a sonhar com a celebração. “Todas essas ações foram positivas e trouxeram esperança aos 28 colaboradores. Estamos focados em superar esta fase, que exige cautela e decisões precisas”, reforça a diretora. Todo esse cuidado também esteve presente nas medidas preventivas: além do uso de álcool em gel e máscaras, o atendimento passou a ser feito com equipe e horários reduzidos, e mediante agendamento para que cada um dos cinco consultores pudesse atender apenas uma cliente por vez, e ainda com limite do número de acompanhantes.

A expectativa, segundo Sirley, é que a partir de setembro as atividades recuperem o ritmo normal de trabalho. “Este momento vai passar e apesar de difícil, nos deixará ensinamentos”.