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Hora de afastar desculpas que negligenciam a saúde

Hora de afastar desculpas que negligenciam a saúde

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Agenda lotada, listas intermináveis de pendências e uma rotina estressante. A correria foi há muito tempo normalizada, assim como a quase negligência com os cuidados com a saúde. No entanto, a pandemia deixou evidente que há, acima das aspirações profissionais, patrimônios de valores imensuráveis: a vida e o bem-estar. 

Segundo o cardiologista Otávio Mangili, existem três pilares da saúde e longevidade, que mesmo sendo conhecidos, são deixados de lado com frequência. O primeiro é a alimentação saudável, que inclui dieta rica em frutas, legumes, verduras, alimentos integrais, pouca carne vermelha e quase nenhum açúcar ou alimento industrializado, principalmente ultraprocessado. “No mundo acelerado, a alimentação baseada em fast-food e alimentos industrializados ganha posição de destaque no ranking de hábitos nocivos”, explica. Em seguida vem a atividade física regular e, por fim, o manejo do estresse.

“Não preciso dizer o quanto somos uma sociedade de estressados e ansiosos, no entanto essas questões também precisam de atenção. Existem estratégias para manejo do estresse, como meditação, ioga e psicoterapia. Pratico há anos meditação transcendental, técnica que recomendo em consultas e palestras, por ser simples e trazer resultados rápidos e consistentes”, afirma. 


De olho no coração

Segundo Mangili, quando se trata da saúde do coração, a aterosclerose, que é a inflamação das artérias formada por acúmulo de colesterol, é o principal desafio de saúde pública. “Estima-se que até 60% da população vai experimentar ao longo da vida complicação da aterosclerose, como infarto ou AVC, e até 30% morrerá em decorrência dessas complicações”, afirma. 

Dito isso, é preciso pontuar os principais fatores de risco para a aterosclerose. “Um deles é a hipertensão arterial, que acomete até 40% dos adultos. Além dela, cabe citar as alterações de colesterol, que são silenciosas e têm tratamento negligenciado com frequência. Diabetes também afeta coração e artérias e tem ganhado importância como problema de saúde pública, diante da explosão de obesidade. Outros fatores relacionados à aterosclerose que valem ser lembrados são o tabagismo e a hereditariedade”, explica. 

Para o médico, se houvesse apenas uma palavra para responder o que mais prejudica o coração, ele diria ‘tabagismo’. “Fumar é o hábito mais nocivo para a saúde do coração. Até 50% das pessoas que fumam têm a expectativa de vida abreviada, seja por doenças cardíacas, pulmonares ou câncer”, revela. No entanto, os sinais de que algo não vai bem com o coração muitas vezes são sutis e, por isso, confundem-se com outros problemas e, não raro, passam despercebidos. “Qualquer dor ou desconforto acima do umbigo e abaixo da mandíbula merece uma investigação do coração. Desconforto respiratório e palpitações são outros sintomas que merecem ser lembrados”. 

O sedentarismo também afeta o coração, pois leva a um risco maior de obesidade, diabetes e hipertensão arterial. O ideal, segundo o médico, é praticar de 150 a 300 minutos por semana de exercício aeróbico de intensidade leve a moderada, como caminhada, corrida de baixa velocidade, natação ou ciclismo recreativo, ou 75 a 150 minutos de alta intensidade, como crossfit, corrida de alta velocidade e spinning. “Somado a isso, o ideal ainda inclui duas sessões de fortalecimento muscular e alongamento. Essa é a quantidade ideal, mas qualquer atividade é melhor que não fazer nada. A ordem é se mexer”, diz. “Por último, rancor, raiva e tristeza, ou seja, sentimentos negativos, são venenos para a saúde do coração”, revela. 

Quando o assunto é prevenção, os protocolos variam de país para país, mas, em geral, considera-se que 25 anos são uma idade adequada para o primeiro check-up em indivíduos assintomáticos. Em linhas gerais, segundo o cardiologista, entende-se que fazer exames laboratoriais como avaliação de colesterol, glicose, função dos rins, tireoide e vitamina D sejam adequados em um check-up. “Outros exames podem eventualmente serem acrescentados de acordo com o histórico pessoal ou familiar ou com as queixas apresentadas. A recomendação é que a bateria de exames se repita a cada cinco anos até os 40, a cada dois anos dos 40 aos 50 e anualmente a partir de então. Claro que muitas vezes mudamos esse intervalo de acordo com as necessidades individuais”, diz. 

Da boca para dentro 

Azia, queimação, pigarro, tosse seca, dor abdominal, intolerância alimentar entre outras queixas são comuns quando se trata do sistema digestivo. Segundo a Organização Mundial de Gastroenterologia, aproximadamente 20% da população mundial sofre alteração gastrointestinal, deste total, 90% não procuram atendimento médico. Segundo o cirurgião do aparelho digestivo Rubens de Oliveira Brito, a maioria das pessoas apenas combate os sintomas com antiácidos, chás, medicamentos sem prescrição médica e outras medidas que, na maioria das vezes, trazem alívio momentâneo, mascaram a causa do problema e dificultam a abordagem terapêutica precoce. 



Antiácidos, chás e medicamentos sem prescrição médica, na maioria das vezes, dificultam a abordagem precoce do aparelho digestivo, diz o cirurgião Rubens de Oliveira Brito


“O sistema digestivo é formado pelo trato gastrointestinal, que é composto pela boca, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado e intestino grosso e é responsável pela ingestão, digestão, absorção e eliminação de tudo o que é ingerido”, explica. Segundo o médico, o  conjunto de órgãos deve funcionar em harmonia e sincronia, mas às vezes, condições adversas impedem esse funcionamento e alguns sinais de alerta são emitidos pelo organismo. “Quando esses sinais são negligenciados podem evoluir para diagnósticos como gastrites, úlceras, câncer de esôfago, câncer de estômago e câncer colorretal”, diz. 

Brito explica que há ainda doenças que podem aparecer com maior predominância em fase específica da vida, como o refluxo na primeira infância; maior incidência de azia, queimação e gastrite em adolescentes e jovens; problemas na vesícula em mulheres na faixa dos 40 anos, gestante, quem gestou ou quem tem ou teve obesidade; câncer gástrico e colorretal a partir dos 60 anos. “As doenças do aparelho digestivo podem ter origem genética, mas a maioria se manifesta em decorrência de estímulos externos, ou seja, conforme os hábitos, comportamentos alimentares e estilo de vida”, explica. 


Prevenção

A partir dos 30 anos, mesmo em pessoas assintomáticas, a orientação é procurar um profissional para iniciar acompanhamento preventivo do trato digestivo com a realização de endoscopia digestiva alta. A mesma orientação vale para pacientes obesos e que fazem uso de medicamentos contínuos. “É por meio desse exame que será analisada a mucosa gástrica, sendo possível identificar infecções, inflamações, lesões e câncer”, afirma. 

De acordo com Brito, a população também precisa se atentar para o câncer colorretal. “A partir dos 45 anos é recomendável que todas as pessoas façam a colonoscopia, já para aqueles com histórico da doença na família, a prevenção deve começar antes, porque pode diagnosticar câncer precoce, em que a chance de cura é maior”, orienta. Segundo o médico, a maioria dos tumores se origina de um pólipo, que é um tumor benigno, então, por meio dos dois exames é possível identificar o pólipo e removê-lo, havendo assim prevenção efetiva do câncer. 

Ainda quando se fala em prevenção, outra medida fundamental para o bom funcionamento do sistema digestivo diz respeito a hábitos e comportamentos que vão além da alimentação, como a prática de exercícios físicos. “Ao se exercitar, o corpo pode alterar a microbiota intestinal (conjunto de bactérias que vivem no aparelho digestivo) e trazem uma série de benefícios à digestão. O exercício físico pode ainda enriquecer e diversificar a flora intestinal, o que contribui para a diminuição dos riscos de desenvolver distúrbios gastrointestinais”, afirma. Fatores como estresse, ansiedade e depressão também influenciam na saúde do aparelho digestivo.


Para vencer a preguiça 

Mestre em Ciências do Movimento Humano, Juliana Miyaki da Silveira explica porque é tão difícil iniciar o hábito da atividade física. Segundo ela, o cérebro faz de tudo para poupar energia, porque nos primórdios da humanidade era preciso estar descansado para a caça, o que garantia a sobrevivência. “Essa característica ficou presente em nosso DNA, ou seja, fomos moldados a ‘economizar energia’, é por isso que vencer os genes ‘preguiçosos’ nem sempre é tarefa fácil”, diz.


Juliana Miyaki da Silveira, mestre em Ciências do Movimento Humano, recomenda estipular metas e objetivos pequenos para começar a atividade física





O caminho, segundo Juliana, é estipular metas e objetivos pequenos, alcançáveis e contínuos. “Conforme a pessoa consegue realizar o primeiro desafio, libera dopamina, que é o hormônio da recompensa, do bem-estar. Se a meta for desafiadora e não for atingida, a pessoa acaba desistindo”, explica. Uma dica para quem quer começar é estabelecer a meta de treinar duas vezes por semana por apenas 30 minutos e ir progredindo. “A regra é: não precisa acelerar, basta não parar. Comece devagar, reconheça as conquistas e não pare até se tornar hábito”, diz. 

Outra dica é parar de buscar desculpas. “Muita gente justifica a falta da atividade física com a falta de tempo ou que vai começar após o inverno. A atividade física deve ser prioridade, porque está diretamente relacionada à saúde e bem-estar. O indicado é definir os dias e horários de treino e montar a agenda com as demais atividades”, diz. 

No universo das atividades físicas há modalidades para todos os perfis e, de tempos em tempos, surgem novidades. A dica é buscar a que dá mais prazer e, para saber, o jeito é experimentar. “O que temos percebido é que com a pandemia, as atividades externas ganharam mais espaço como os grupos de pedalada e o beach tennis. Outra tendência são grupos reduzidos de até quatro pessoas com treinos personalizados”. 

Independente da escolha, Juliana orienta que antes de iniciar a atividade seja feita avaliação física na academia e com um médico. “É importante fazer check-up principalmente com cardiologista e endocrinologista e fazer exames de colesterol, glicemia e teste de esforço. Esses exames são ótimos indicadores do impacto da prática regular do exercício no organismo, assim quando der preguiça, haverá um motivo para continuar”, explica. 


Parceria com planos de saúde

Para garantir que as empresas associadas possam oferecer assistência médica aos colaboradores, a ACIM mantém parceria com dois planos de saúde: Unimed e Santa Rita Humana Saúde passando a ser ponto de venda dessas operadoras. 

Para ter acesso aos planos, a empresa deve ser associada da ACIM e contratar o benefício para no mínimo duas pessoas. Na Unimed o desconto é de 5% para até 29 vidas e chega a 10% quando o pacote incluir de 30 a 49 pessoas. Já no Santa Rita Humana Saúde a média de desconto é de 20%, dependendo do plano, na comparação com outras modalidades de pessoa jurídica. Para fazer a simulação de contrato, basta entrar em contato com o departamento comercial da Associação Comercial.