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“Só cheguei onde cheguei porque não tenho medo de críticas”

“Só cheguei onde cheguei porque não tenho medo de críticas”

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Hoje ter os ‘15 minutos de fama’ é fácil, mas é preciso saber que 15 minutos passam muito rápido e só se mantém nas redes quem tem estrutura, conhecimento e mostra verdade nas postagens 


Foi na Rádio Guairacá, no município de Mandaguari, distante 21 quilômetros de Maringá, que Carlos Roberto Massa, o Ratinho, começou a trajetória como comunicador. Antes de trocar o interior por Curitiba, ainda trabalhou em uma emissora de rádio em Jandaia do Sul, cidade com a qual guarda estreita relação. 

Na capital paranaense, entrou na televisão e despertou a atenção do público com programas policiais. Da CNT de Curitiba, foi para a Record e, no auge, para o SBT. No final dos anos 1990, seu programa era o único que incomodava a Globo. “Por um bom tempo ganhei da Globo e até hoje temos momentos de liderança”, comemora o apresentador. 

Há 25 anos na emissora de Silvio Santos, Ratinho é só elogios ao patrão e afirma não ter planos de se aposentar. “Eu quero morrer na televisão”, afirma o apresentador que, além do sucesso na TV, é um empresário bem-sucedido do agronegócio, hotelaria e da comunicação. 

É dono de 74 rádios – incluindo aquela de Mandaguari onde começou a carreira – e de cinco emissoras de TV filiadas ao SBT, que formam a Rede Massa de Televisão no Paraná. O foco agora é fazer da Massa FM a maior rede de rádios do país.   

À frente do Programa do Ratinho, que vai ao ar de segunda à sexta-feira à noite, o apresentador aposta em entretenimento, com quadros de humor que, por vezes, acabam envoltos em polêmicas. Isso, no entanto, não incomoda o comunicador que, em entrevista à Revista ACIM, afirma que não irá mudar o seu jeito e não tem medo de cancelamentos nas redes sociais. “Só cheguei até aqui porque não tenho medo de críticas”.

 

O senhor está no SBT desde 1998 e disse que não pensa em sair da emissora ou se aposentar da televisão. Hoje é difícil ver exemplos assim no mercado de trabalho. Qual o segredo dessa parceria longeva? 

Pra mim é uma delícia trabalhar em televisão, não penso mesmo em parar. Faço o que gosto e, por isso, dá certo. Hoje sou sócio do meu programa com o SBT. Pagamos a despesa, recebo a minha parte e o SBT fica com a dele. Estou há 27 anos na vice-liderança de audiência. Por um bom tempo ganhei da [Rede] Globo e temos momentos de liderança até hoje. 

 

Na sua avaliação, qual será o futuro da TV aberta?

A TV tem força e vai ser desse jeito por muito tempo. É igual ao rádio, todo mundo falava que iria acabar, não acaba. A internet vai somando, mas não tira o impacto que a TV tem na vida dos brasileiros. 

 

A sua popularidade foi construída a partir do rádio e da TV. Como foi a construção da fama? 

Eu nasci em Águas de Lindóia, no interior de São Paulo. Vim para o Paraná aos quatro anos. Meu pai era pedreiro e veio trabalhar no café. A família veio para Marumbi e depois mudamos para Jandaia do Sul. Minha trajetória no rádio começou na Rádio Guairacá, de Mandaguari, que hoje é minha, transformei em Massa FM. Fazia um programa de cinco minutos que foi aumentando até passar de duas horas. Depois fui trabalhar numa rádio em Jandaia do Sul, onde morava. Mudei para a região de Curitiba e fiz sucesso no rádio. Não tinha audiência, mas comecei a brigar com um cara que tinha, ele respondia e eu fui crescendo. Sempre fui apaixonado pelo SBT, desde menino. Quando o programa Ratinho Livre fez sucesso na Record, arrebentando na audiência, recebi uma ligação do Silvio Santos. Ele marcou um local pra gente se encontrar. O Silvio me falou que pagava mais e poderia levar uma equipe maior. Aceitei. O Silvio é um gênio, muito gentil. Hoje tenho 74 rádios, além de cinco emissoras de TV. 

 

As pessoas buscam a fama por meio das redes sociais. Qual a opinião do senhor sobre isso? 

As redes sociais podem transformar pessoas comuns em celebridades muito rapidamente, mas quem busca a fama desse jeito precisa saber que é importante ter conteúdo. Hoje ter os ‘15 minutos de fama’ é fácil, mas é preciso saber que 15 minutos passam muito rápido e só se mantém nas redes quem tem estrutura, conhecimento e mostra verdade nas postagens. 

 

Como é a sua relação com as redes sociais?

Eu sou da mídia tradicional, mas estou presente nas redes sociais e não tenho medo de ser cancelado nem de mimimi. Falo com quase sete milhões de seguidores só no Instagram de um jeito verdadeiro. É um público variado, que percebe claramente quando alguém está querendo agradar, enganar ou sendo falso.

 

O Programa do Ratinho sempre apostou em quadros de humor, no popular. Como manter esta linha em meio ao politicamente correto? 

A TV mudou e hoje minha aposta maior é o entretenimento. Só cheguei onde cheguei porque não tenho medo de críticas. Não sou diferente fora da televisão. Eu vou seguir falando a verdade com autenticidade. Você tem que ser você e não tem de ficar preocupado em agradar todo mundo.

 

Ratinho comunicador ou o empresário: quem veio primeiro? 

Primeiro veio o comunicador, sempre gostei de ser popular. Comecei a ganhar um bom dinheiro depois dos 40 anos. Com o primeiro dinheiro que ganhei, eu comprei terra. Meu pai sempre me ensinou que é um investimento seguro. Depois comprei emissoras de TV e rádio porque eu gosto e entendo do meio. Hoje também invisto em hotel, que é um grande negócio. 

 

E como concilia tantos negócios?  

Tenho pessoas para cuidar dos meus negócios, escolho bem os meus diretores. No hotel, tem gente que nem sabe que sou dono. Há alguns dias fui lá e paguei a diária. 

 

O senhor é um empresário de sucesso nas áreas de comunicação e do agronegócio. São áreas tão diferentes. A diversificação é uma regra ou é uma questão de oportunidade empresarial? 

Eu tenho origem humilde. Quando você vence na vida, volta naquela cidade para contar para os amigos que venceu e fazer inveja para os inimigos. Todo mundo faz isso. A primeira chácara que comprei foi em Jandaia do Sul. Hoje no agronegócio eu estou investindo em soja e tenho 500 mil pés de café no Paraná. Gosto de diversificar para ter segurança, não tenho coragem de colocar todo meu capital em apenas um negócio.

 

Tem algum setor que o senhor gostaria ou tem planos de investir? 

Quero ter a maior rede de rádios do Brasil. Atualmente somos a segunda. Estou com 67 anos, então hoje só invisto em negócios seguros. Por exemplo, acabo de lançar uma rede de clínicas odontológicas, a Odontic.

 

Como empresário da comunicação, como avalia o papel e o trabalho da imprensa?

Eu acredito que a imprensa não pode atrapalhar, tem que mostrar a verdade. Não pode fazer ninguém de santo. Tem que falar o que é como é. 

 

Qual é o maior desafio no cenário atual econômico e mundial para quem deseja investir?

O Brasil é um país de muitas oportunidades, tem que achar o caminho. Abri uma rede de clínicas odontológicas e está dando certo. Eu me considero um grande vendedor. Acredito que quem sabe vender tem o caminho do sucesso. Também acredito que as empresas precisam investir na divulgação do produto. Quem não conhece a Coca Cola? Todo mundo conhece, mas a Coca não para de investir nas propagandas. 

 

A gestão de pessoas é um desafio constante da vida dos empresários. Como trabalha o engajamento e a motivação entre os colaboradores?

Eu tenho uma cabeça privilegiada. No caso da soja, retornei um percentual dos lucros para os meus funcionários. Eu os chamo, mostro resultado e falo da parte deles. Funcionário meu eu trato bem. Fiz uma festa uma vez na minha fazenda para todos os colaboradores, veio funcionário de tudo quanto é lado para aproveitar churrasco e música sertaneja, do jeito que eu gosto. Para administrar não sou dos melhores, mas contrato pessoas que sabem fazer. 

 

O senhor já foi vereador e deputado federal nos anos 1990. Como foi a experiência e qual a sua relação com a política? 

Sempre gostei de ser popular e sempre fui prestativo, então com 18 anos me elegi vereador. Hoje meu filho é governador do Paraná e foi eleito o melhor do Brasil. Ele é muito determinado no desenvolvimento do estado e sabe administrar. Não é porque sou pai, é a verdade e as pesquisam mostram. Me dá orgulho saber que o meu filho mudou o estado. Meu filho não aceita corrupção. O maior salário-mínimo regional é do Paraná, um dos portos mais organizados é o do Paraná, o maior produtor de tilápia do Brasil é o Paraná, o maior produtor de alimentos por metro quadrado do mundo é o Paraná, a melhor educação pública é do Paraná. 

 

Como define sua relação hoje com o Paraná e especificamente com a região de Maringá?

O Paraná é minha paixão. É um estado organizado e tem cidades planejadas como Maringá. Fico muito na Fazenda Ubatuba e aproveito para estar perto de quem eu gosto, sempre do meu jeito, não gosto de frescura. Aqui tenho além da TV Tibagi, a Massa FM e outros investimentos. Venho sempre que posso a Maringá, uma cidade exemplo para o Brasil.