Gabriela Neumann Toth e Fernanda Ferreira da Silva abriram a Reabilita Pet neste ano e participam do núcleo PET para conhecer a experiência de colegas e trocar experiências
Começar uma empresa é um desafio de expansão, afinal, ninguém escolhe o caminho do empreendedorismo se não for para crescer profissional e financeiramente. A veterinária Gabriela Neumann Toth vivencia esse caminho há sete meses, desde que abriu uma clínica com a amiga e sócia Fernanda Ferreira da Silva. A Reabilita Pet oferece serviços de banho e tosa para cães e gatos, mas os focos estão nos atendimentos veterinários integrativos, com a oferta de alimentação natural, acupuntura, ozonioterapia e banhos terapêuticos para os bichinhos.
“Tanto eu quanto minha sócia, que somos veterinárias, trabalhávamos na área, eu no segmento alimentício e ela como anestesista. Decidimos ter algo próprio. Temos boas expectativas, sonhamos e temos medos, afinal nunca tínhamos empreendido, mas a clínica está crescendo a cada mês”, relata Gabriela.
Justamente por estarem enfrentando o começo de uma empresa elas aceitaram o convite de participar do Núcleo Pet do Empreender da ACIM. Criado em 2000, o programa tem 84 núcleos setoriais e multissetoriais que se reúnem a cada 15 dias para compartilhar ideias, buscar soluções e capacitar os integrantes.
“Procuramos esse programa para conhecer a experiência de colegas, trocar experiências e saber como cada empresário lida com os desafios. Todo encontro tem um tema, então voltamos com insight sobre algo que podemos melhorar na empresa ou um incentivo para continuar nossa caminhada”, diz.
A troca de experiências entre o grupo costuma ser prática, já que alguns encontros são feitos nas empresas dos integrantes. Para Gabriela, conhecer a rotina de outros empreendimentos do setor é um diferencial. Com o que aprendeu, já foi possível fazer ajustes na gestão de pessoas. “Organizamos as atividades do dia a dia, definimos as responsabilidades de cada cargo e conseguimos inserir os colaboradores nas funções adequadas ao perfil pessoal. Assim conquistamos a organização estrutural da empresa”, destaca.
De olho na sustentabilidade
Quem é ligado em moda sustentável e acompanha as redes sociais já percebeu: Maringá vive um boom de brechós. São lojas físicas ou digitais que oferecem roupas, calçados e acessórios de segunda mão. “Existe uma grande diferença entre bazar e brechó. No primeiro, o consumidor apenas encontra peças usadas por preços mais baixos, já um brechó é onde as peças chegam depois de passarem por cuidadosa curadoria. Além disso, elas são lavadas, etiquetadas e o cliente tem a chance de ter uma peça única e exclusiva”, detalha a conselheira-chefe do Núcleo Brechós e empresária Julie Gonçalves Andrade de Faria.
Julie Gonçalves Andrade de Faria abriu a Julie Nervosa Fashion e se juntou a outros proprietários de brechós: “a conscientização é a base do nosso trabalho, o restante vem como consequência”
Empolgada com o próprio negócio, a loja Julie Nervosa Fashion, e com a atuação no núcleo, a empresária destaca os eventos que saíram do papel depois dos encontros. São dez empresários que realizam feiras em datas comerciais e trabalham para mostrar que é possível ter consciência ambiental sem sair da moda.
“A conscientização é a base do nosso trabalho, o restante vem como consequência. Maringá é um polo de brechós, que começou com lojas focadas em roupas femininas e hoje tem roupas infantis crescendo muito. A expectativa de expansão é grande, já que nosso núcleo começou há apenas um ano”, comemora.
Para fazer parte do núcleo, os integrantes passaram por seleção para encontrar os realmente comprometidos. Nas reuniões os empresários se informam sobre temas por meio de palestras e workshops. Julie destaca que muitos começaram o brechó com pouquíssima informação e que o núcleo possibilita trocar ideias e aprender. “Quem tem mais tempo no setor, compartilha dicas úteis no dia a dia, como ações que podem alavancar as vendas no fim do mês. Isso amplia o olhar de quem está começando e ajuda na construção do sucesso”, acredita.
A trajetória empreendedora da Julie mostra como o interesse pela sustentabilidade no setor vem crescendo. Ela é consultora de moda e tinha decidido criar o negócio para prestar serviço para quem precisasse arrumar malas para viagens internacionais. Com a pandemia e o fechamento das fronteiras, ela buscou um jeito de se reinventar e começou o brechó vendendo as peças num grupo no WhatsApp.
Desde então não parou. A mais recente feira foi no Eurogarden, em setembro, e abriu portas para uma nova edição. Além das expectativas de fim de ano, o grupo planeja uma viagem para o deserto do Atacama, onde há lixo a céu aberto composto por roupas descartadas por Estados Unidos, Europa e China. “A intenção é produzir um artigo sobre essa situação e continuar a divulgar a urgência da mudança do jeito de consumir roupas no mundo”, afirma.
Expansão e revitalização
Junior Jucalli faz parte Núcleo do Comércio do Centro: “vínhamos sofrendo com bancas irregulares nas calçadas, com moradores de rua que afastam os clientes e com a falta de revitalização”
Outro grupo recente, cujas atividades tiveram início neste ano, foi o Núcleo do Comércio do Centro, formado por oito empresários. Comerciante há 17 anos, Junior Jucalli comemora as conquistas. “O comércio de rua vinha sofrendo nos últimos anos com bancas irregulares que se instalam nas calçadas, com moradores de rua que afastam os clientes e com a falta de revitalização nas ruas centrais. A retirada dos camelôs foi o resultado de uma das nossas primeiras ações. Isso foi possível porque no núcleo, com apoio da ACIM e do Sivamar, tivemos acesso rápido à prefeitura e outros órgãos que poderiam resolver a situação”, explica.
Agora o núcleo trabalha para a renovação da área central de comércio. Para isso, os integrantes se reuniram com representantes do Ipplam, o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Maringá, com a intenção de discutir os detalhes e o planejamento para que as ações atendam aos interesses dos comerciantes. Um exemplo é o rebaixamento da iluminação pública na avenida Brasil, que concentra o maior volume de lojas.
O núcleo atua também com ações para fomentar o comércio de rua. Depois de discutir pontos fortes e fracos da última Maringá Liquida, os empresários se organizam para promover a Black Friday, que acontece em novembro e pode alavancar as vendas antes da população sair às compras de Natal. “O que observamos é a força da cooperação do comércio. Com união, tivemos conquistas”.
Crescimento das vendas
Diego Zaparolli, da Zappa Alimentos: as trocas entre os integrantes são valiosas. Alguém pode adotar uma rotina que funciona bem em outras organizações e ter ótimos resultados
Também iniciante e com grandes expectativas, o núcleo de Gestão Comercial busca gerir o time de vendedores. “O gestor comercial geralmente é alguém que fica sozinho na tomada de decisão, pois tem uma equipe que está acostumada a ser direcionada, daí a importância de ter onde e com quem trocar informações e experiências”, avalia o empresário Diego Zaparolli, que integra o núcleo há três meses.
Os encontros servem para a discussão de processos e troca de ideias entre os 14 integrantes que representam empresas de realidades e tamanhos variados. “Estamos criando nossa agenda, mas falamos sobre processos de venda, trabalhamos a gestão comercial, como gerir equipe de vendas, cuidar dos colaboradores e planejamento de metas. Tudo isso entra nas pautas com muita troca de informação”, reforça.
Segundo Zaparolli, a entrada de integrantes trouxe fôlego para o grupo, que trabalhou um planejamento para os próximos meses. Estão previstas visitas técnicas nas empresas que aprofundam a capacidade de troca do grupo. O empresário ressalta a importância de conhecer realidades de empresas com diferentes volumes de vendas e de fazer a gestão comercial.
“As trocas entre os integrantes são sempre muito valiosas. Alguém pode adotar uma rotina que não tinha, mas que funciona bem em outras organizações e ter ótimos resultados. Não importa o número de vendedores que a empresa tem, sempre há espaço para aprender”, acredita.
Ele comanda a Zappa Alimentos, no mercado desde 2016. Foi convidado a fazer parte do núcleo e como tinha ouvido falar bem do programa Empreender, aceitou o convite. “É um projeto bom, principalmente para quem está no começo da caminhada empreendedora. Mesmo estando há um bom tempo na estrada, consigo agregar. O compartilhamento de informações permite conhecer ações de outros segmentos que se encaixam no meu negócio, assim como meu conhecimento pode ajudar outro integrante”, conclui.