Artigos

Associativismo vivenciado na prática

Associativismo vivenciado na prática

398
visualizações
Ana Cláudia Satie é a nova presidente do Conselho do Empreender, formado por um representante de cada um dos 84 núcleos; “nosso objetivo é nos desenvolver enquanto líderes e buscarmos representatividade para os núcleos”

Cerca de um quinto dos cinco mil associados da ACIM faz parte do programa Empreender. São mais de 1,2 mil empresários que, organizados em 84 núcleos setoriais e multissetoriais, buscam superar a ideia de concorrência por meio de ações coletivas. É o que expressa o lema do programa: ‘Unir para crescer’.

Quem participa do Empreender tem acesso a capacitações, networking e projetos sociais, além de representatividade do setor. Com a relevância e o crescimento do programa, percebeu-se a necessidade de reunir os representantes de cada núcleo para que eles pudessem dialogar diretamente com a diretoria da ACIM. Foi então, durante a gestão de Michel André Felippe Soares (2018-2020 e 2020-2023), que o Conselho do Empreender foi criado.

Agora uma nova gestão assume o conselho, com a proposta de fortalecer a governança, consolidando os núcleos e sustentando o título de maior Programa Empreender da América Latina. São 84 conselheiros, sendo um representante de cada núcleo, dentre os quais oito compõem a diretoria: Ana Cláudia Satie (presidente), Ana Rita Canassa, Giancarlo Tozini Otani, Hélio Cezar Mesquita, Júlio Andrade, Júnior César Marcon, Lígia Rocha e Marcos Moreira.

Associada à ACIM desde 2010, Ana Cláudia Satie conhece bem o programa. Ela participou das duas últimas gestões do conselho e integrou por 11 anos o Copejem, que é “uma grande escola de liderança”, nas palavras dela. “Prometo muita energia, dedicação e comprometimento, além de representar o nosso conselho, buscando oportunidades para cada núcleo”, comenta. Sobre as atividades, Satie explica: “nos reunimos mensalmente para discutir temas de relevância empresarial, trocar experiências, boas práticas e oportunidades de negócios. Como cada conselheiro representa um grupo de empresários, nosso objetivo é nos desenvolver enquanto líderes e buscarmos representatividade para os núcleos”. Para quem deseja entrar para o programa, Satie explica: “as reuniões são quinzenais ou mensais, todas acompanhadas por um consultor que é responsável por acompanhar o planejamento do grupo, além de mediar diálogos e ações”. 


O papel dos consultores

Desde que o programa foi criado no ano 2000, empresas vistas como concorrentes se uniram. Com isso, firmaram negócios e fortaleceram seus setores. Mas isso não teria sido possível sem o trabalho dos consultores em gestão que se dedicam a auxiliar os núcleos, planejando e acompanhando as atividades. Inclusive, a história do Empreender está diretamente ligada ao trabalho deles, é o que explica Eraldo Luiz Pasquini, o consultor mais antigo do programa.


“Testemunhos como: ‘antes nem passava na rua do meu concorrente e hoje nos ajudamos’ são recorrentes”, diz o consultor Eraldo Pasquini

Segundo Pasquini, o Empreender surgiu de uma parceria entre a ACIM e o Sebrae. “Na época uma pesquisa do Sebrae apontava mortalidade de 80% das empresas depois de dois anos de funcionamento, a maioria por conta de problemas de gestão. Então, quando surgiu essa demanda entre os associados da ACIM, a entidade buscou uma solução”.

O modelo do programa existe desde 1991 em Santa Catarina. Dessa forma, a entidade firmou parceria com o Sebrae, que o custeou por dois anos, e depois o programa passou a ser administrado pela ACIM. Foi preciso contratar um profissional para elaborar o planejamento, o primeiro núcleo e, posteriormente, acompanhar as atividades, moderando reuniões e prestando assessoria aos participantes. Assim, dentre 47 profissionais, Pasquini foi escolhido. Ele é graduado em Ciências Contábeis e em Administração, com especialização em Gestão de Empresas e Dinâmicas de Grupos.

Atualmente, Pasquini é um dos 11 consultores e acompanha 13 grupos. Para o ele, o principal desafio é “quebrar o gelo” entre novos participantes que se entendem como concorrentes. “Já ouvi muitas falas do tipo: ‘nosso núcleo não vai dar certo porque ninguém se gosta’, mas com esforço e dedicação, conseguimos mudar essa mentalidade. Testemunhos como: ‘antes nem passava na rua do meu concorrente e hoje nos ajudamos’ são recorrentes e prova que o associativismo é mais benéfico do que o trabalho isolado”, relata.

Outra questão que permanece a mesma é em relação às necessidades das empresas que buscam o programa. Pasquini explica que quatro pontos são observados na maioria dos casos: dificuldades na gestão; escassez de mão de obra; necessidade de apoio para negociações; e auxílio na divulgação da empresa. Assim, por meio de cursos, troca de informações, parcerias com fornecedores e ações coletivas de negociações, marketing e vendas, o programa permite o desenvolvimento das empresas. Mas acima de tudo o que Pasquini observa como ponto primordial é o networking, já que por meio de reuniões, os participantes constroem parcerias.


O primeiro núcleo

O primeiro núcleo do Empreender foi o Setorial Automotivo (NSA). Angelo Martins Junior, da Automecânica Maestro, acompanhou essa história. “Recomendo a todos os empresários participarem do programa”, afirma.


Angelo Martins Junior, da Automecânica Maestro, faz parte do primeiro núcleo do programa, que tem 23 anos

Ao longo de 23 anos, Martins Junior vivenciou cursos e treinamentos fundamentais para o desenvolvimento do negócio. Marketing, ferramentas, atendimento, injeção eletrônica, diesel, freios e suspensão estiveram entre os temas. Ele explica que pelo núcleo ser antigo, os membros que estão há mais tempo possuem os conhecimentos relacionados às demandas dos novos participantes. Contudo, a dinâmica do grupo não permite que isso se torne um problema, já que a maioria das capacitações é organizada e aplicada pelos próprios participantes, em que os mais experientes ensinam. E quando necessário instrutores de fora são chamados.

O núcleo realiza reuniões quinzenais, alternando entre encontros no Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos (Sindirepa-PR) e na oficina de um dos participantes. Também são organizadas visitas técnicas. “No ano passado visitamos uma empresa de autopeças em Curitiba, onde ficamos sabendo de diversas novidades sobre ferramentas”, conta. Agora, em abril, o núcleo marcará presença na 15a Automec, feira internacional de autopeças, equipamentos e serviços que ocorre em São Paulo/SP.


Selo atesta trabalho

Enquanto há núcleos em funcionamento desde o primeiro ano do programa, há grupos recentes, como o de Profissionais de Consórcios, fundado em setembro de 2022. “Não tínhamos uma classe que lutasse por nós. Agora me sinto representado”, relata Cezar Baumann, sócio do Menotti Consórcios.


Cezar Baumann, do Menotti Consórcios, integra o grupo de profissionais de consórcios: núcleo criou um selo de qualidade

Entre os benefícios está um selo de qualidade conferido aos participantes, garantindo credibilidade ao trabalho. “Mais do que vendedores de consórcios, somos profissionais”, destaca Baumann. Para conseguir o selo, os empresários precisam cumprir critérios: ter mais de um ano de trabalho na área; ser certificado pela Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac); fazer parte do núcleo há, pelo menos, seis meses e ter carteira de clientes sadia, com retenção de 90%.

Mas o selo não é o único benefício. Quem participa, tem acesso a reuniões mensais para troca de informações, capacitações e ações sociais. Entre os cursos oferecidos está o de educação financeira em instituições de ensino e empresas. “Queremos que os alunos saibam como garantir o futuro economizando e investindo”, explica. E assim como no Núcleo Automotivo, os próprios membros podem aplicar cursos e treinamentos. Baumann, por exemplo, está organizando um curso digital sobre redes sociais e robôs.

Foi também graças ao programa que o empresário ficou sabendo de uma rodada de negócios da ACIM. “Participei da edição de novembro de 2022 e foi excelente. Fechei muitos negócios”, conta. Para quem ainda não conhece o Empreender, Baumann aconselha: “conheça! No mínimo o empresário vai ganhar networking e aprender com profissionais da área”.