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Pausa para o café

Pausa para o café

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Thiago Ramalho se uniu a Paulo Stelmatchuk, do Kings Café & Bar, abriu uma segunda loja, deu início às obras de uma indústria para produção própria e espera franquear o negócio

O cheirinho de café passado na hora desperta um mix de emoções. Para alguns, traz memórias afetivas, lembranças do campo, dos grãos moídos à mão e de momentos em torno de mesas com pães e bolos caseiros. Para outros, é um gatilho para ativar a energia e começar o dia, ou a desculpa para uma pausa em meio à rotina. Seja qual for o motivo preferido, o café é uma das paixões no país que mais produz o grão no mundo.

Em Maringá, as opções de cafeterias atendem a diversos gostos e necessidades, desde os apressados aos que buscam um momento de descontração em um ambiente acolhedor. Foi pensando neste segundo público que o empresário Thiago Ramalho viu uma oportunidade de expandir os negócios. À frente da Gela Boca Sorvetes, empresa consolidada com 150 lojas pelo país, ele buscava um produto que fosse contraponto à sazonalidade do sorvete e encontrou no café um caminho promissor. Em abril, o empresário inaugurou a segunda unidade do Kings Café & Bar em uma sociedade recém-firmada com os fundadores da primeira loja, Paulo Stelmatchuk e Desirée Pechefist.

“Analisando o crescimento do mercado de café no Brasil nos últimos anos e conhecendo o trabalho de excelência tanto dos produtos como do serviço do Kings, entendi que era a parceria e o momento ideais”, afirma. A segunda unidade, que  também é uma casa de donuts, fica na avenida Mandacaru, onde a Gela Boca começou há mais de 20 anos. São cerca de 150 metros quadrados, 20 funcionários e capacidade para receber até 80 pessoas. E não para por aí: o ponto comercial para a terceira unidade está locado e o empresário deu início à obra de uma indústria com mais de 400 metros quadrados. A ideia é, em breve, começar a expansão com franquias.

Da Gela Boca virá o conhecimento do varejo, expertise na gestão, expansão e a experiência no universo das franquias. Já o desenvolvimento de produtos, a operação e o marketing ficarão sob responsabilidade dos fundadores do Kings, mas também haverá intercâmbio de produtos, unindo o que há de melhor nas duas empresas. “Salgados, petit gateau e brownies produzidos pelo Kings serão vendidos na Gela Boca. Já o novo Kings terá os gelatos Dom, que é a linha premium da Gela Boca”, explica.

O Kings trabalha com ingredientes frescos e receitas exclusivas em um cardápio internacional, que conta com os famosos donuts - que são a especialidade da casa - até bagels, english muffins, waffles e pancakes. Além, é claro, dos cafés especiais. “Trabalhamos com cafés especiais e gelados. Também somos experts em cold brew, que é a extração a frio”, diz. Tudo isso, somado a um local que tem decoração com muito verde, o que o torna um ambiente charmoso.


Fora do centro


Patrícia Duarte escolheu um ponto na avenida Américo Belay para abrir o Le Petit Café, que abriga feiras colaborativas e eventos de degustação

Há pouco mais de um ano a publicitária Patrícia Duarte também decidiu investir no mercado de cafés especiais. Durante a pandemia, ela começou a fazer cestas de café da manhã e tábuas de frios como renda extra e viu a demanda aumentar a ponto de precisar alugar um espaço para trabalhar. Patrícia foi buscar conhecer o universo dos cafés especiais e, claro, se encantou com as variedades. Foi aí que surgiu o Le Petit Café, conhecido como ‘Casinha’. A cafeteria fica na avenida Américo Belay, distante do centro, e tem apostado na qualidade do cardápio e na experiência do cliente em um local aconchegante.

Segundo Patrícia, o cardápio é eclético, preparado e servido por três colaboradores. “Trabalhamos com espresso, cappuccino e mocaccino, além de bebidas geladas como espresso tônica e iced latte. Temos também opções de cafés coados em diferentes métodos de extração”, explica. Lá há opções de lanches e sanduíches no pão brioche. No cardápio de doces, o sucesso fica por conta dos minibolos vulcão e dos bolinhos de vovó.

Para a proprietária, estar em um bairro longe do centro é desafiador, mas tem seu encanto, e ela inclusive deseja expandir o negócio para outras regiões da cidade. “É incrível ver a reação de algumas pessoas quando elas descobrem que existem produtos e serviços de qualidade fora do eixo central”, afirma. Para conquistar os clientes, a cafeteria promove feiras colaborativas e eventos de degustação, que também ocorrem em festas e eventos particulares. Por lá, o atendimento acontece de terça-feira a domingo das 8h às 19h, sendo os fins de semana os dias mais movimentados. “Só fechamos no último domingo do mês para folga da equipe, no mais, estamos na ativa para oferecer experiência e tornar os cafés especiais conhecidos e apreciados”, diz.


Coffee to go


O representante comercial Alexandre Aleixo abriu uma franquia da Mais 1 Café e tem planos de expansão

Inspirado em experiências de metrópoles internacionais, a franquia Mais 1 Café comprova que o mercado está aquecido. A marca, que foi fundada em 2019, tem quase 600 lojas em operação no país. Duas delas ficam em Maringá, sendo que uma pertence a Alexandre Aleixo, que mesmo atuando como representante de materiais de construção, viu no café especial uma oportunidade de investir com a esposa. Eles inauguraram uma loja na rua Neo Alves Martins há dois anos, em meio à pandemia, apostando no conceito coffee to go. Assim, o consumidor retira a bebida e consome-a fora do local, mas também há espaço para os clientes que preferem sentar e apreciar a bebida, o que torna o estabelecimento um local que atende públicos com perfis diferentes. No cardápio há linha de cafés quentes e gelados, lanches e salgados. “Em relação aos cafés, trabalhamos com um produto que tem 86 pontos – num ranking até 100 - e, por isso, está na categoria de café especial, que fica acima da categoria gourmet, que vai até 79 pontos. Ou seja, é um produto de qualidade em um formato que se adéqua à necessidade do cliente”, afirma.

Segundo Aleixo, que atualmente conta com dois funcionários, o mercado tem apresentado crescimento rápido, mas há muito a ser explorado, sobretudo no que se refere aos cafés especiais. Por isso, na unidade que ele administra, o trabalho praticamente não para: vai de domingo a domingo, incluindo feriados, começa cedinho e vai até o fim da tarde. “Estamos felizes em investir neste mercado e temos planos de expansão em breve”, revela.


25 anos de mercado 


Eder Veltrini é dono do Café Shop, que além de máquinas para café, tem máquinas vending para venda automática de alimentos e bebidas

Em 1998, o casal Eder e Maria Cristina Veltrini fez uma aposta certeira: investiu em máquinas importadas e automáticas para fazer café, acreditando que seria uma alternativa viável, principalmente para estabelecimentos comerciais. Dito e feito: a Cafeshop está consolidada e também comercializa máquinas vending, que vendem alimentos e bebidas sem a necessidade de atendentes. “Essas máquinas são programadas para aceitar dinheiro, cartão de crédito ou débito, e algumas até aceitam pagamentos por meio de aplicativos de celular”, explica o empresário. 

A ideia de investir em máquinas de café surgiu após o casal ler uma reportagem sobre o assunto. Animados com o empreendimento, os dois deixaram os empregos: Eder trabalhava como engenheiro agrônomo em uma propriedade da família e como assistente técnico, enquanto Maria Cristina era consultora de recursos humanos. 

Com o tempo, eles ampliaram a oferta de cafés e hoje, alinhados à nova realidade do mercado, atendem pessoas físicas e jurídicas e contam com seis funcionários. Os carros-chefes são cafés em grãos torrados, solúveis e insumos para máquinas como chocolate, leite e cappuccino. Há lojas física e virtual.

O casal pretende expandir, aprimorando a loja online com novas estratégias de marketing e logística. Segundo Veltrini, pelo fato de o Brasil ser um dos maiores produtores de grãos do mundo, há potencial para se consolidar também no mercado de cafés especiais, tanto que o segmento teve crescimento expressivo nos últimos cinco anos. “É fundamental que as empresas estejam preparadas para absorver o interesse do consumidor, que tem buscado cafés com qualidade superior e características sensoriais distintas, além de uma excelente experiência de compra”, finaliza.